Futuro da Saúde

Tendências para o futuro da saúde

Nos últimos tempos assistimos a fortes mudanças, nas crenças e paradigmas, relativos à forma como os cuidados de saúde são prestados às pessoas. Talvez por termos sido forçosamente obrigados a mudar essas crenças, enquanto prestadores, se queríamos ver os nossos negócios em saúde a sobreviverem, e enquanto utentes, se queríamos ter acesso aos mesmos cuidados, mitigando os riscos do contacto presencial, durante este período de elevado risco de contágio.

Em toda a história do ser humano, os cuidados de saúde, sempre existiram e sempre foram prestados através do contacto, do toque humano, da comunicação e intervenção presencial.

Pela necessidade constante da disponibilização de cuidados de saúde, este foi também um setor, que foi sendo criado e construído, de forma reativa e consoante as necessidades emergentes, ao contrário do que acontece noutras indústrias, onde tipicamente existe uma estratégia de organização dos processos, procedimentos e da cadeia de valor, centrada na geração de valor para o cliente, da forma mais eficiente possível. No entanto, na saúde hoje, isso ainda não acontece.

Sendo um sector com um histórico de evolução, tão antigo quanto a ciência, é por isso natural, que este seja um sector com um forte legado, ortodoxias e regras não instituídas, mas presentes na cultura das instituições, e na mente dos profissionais e até utentes.

A tecnologia está a ajudar a quebrar algumas destas ortodoxias e a provar que, não tem como objetivo perverso a substituição das pessoas e erradicação do contacto humano, uma característica do ser humano, tão intrínseca quanto a sua biologia. A tecnologia, está sim, a possibilitar que os cuidados de saúde, sejam hoje prestados de uma forma mais eficiente, com menos custos financeiros e de tempo, para o prestador e para o utente destes cuidados.

Retomando o tema dos custos, e analisando a área da saúde enquanto indústria, percebemos que esta é uma área de extrema complexidade, e baixa eficiência na relação valor criado e custos gerados. Vemos uma indústria que lucra através do volume de cuidados e serviços prestados, sendo que este volume, nem sempre se traduz, da melhor forma, em maior valor prestado ao utente, nomeadamente na sua relação custo-eficiência.

Torna-se por isso uma necessidade emergente, redefinir os cuidados de saúde, enquanto modelo de funcionamento, visando inclusive, um modelo mais meritocrático para prestadores, e valor gerado para os utentes, sendo este valor aferido pelo resultado e outcome gerado junto do utente.

Este é um modelo centrado no cliente e na pessoa. Um modelo de criação de diferenciação e de valor. Um modelo de meritocracia.

A Value Based Healthcare, tem por isso, vindo a ser defendida, por alguns dos grandes nomes da gestão e estratégia, como o afamado professor de Harvard, o pai da estratégia competitiva, Michael Porter. Este modelo está já a provar resultados reais no aumento da eficiência e aumento do valor gerado, em unidades de saúde. Com exemplos reais de unidades a apresentarem reduções de custos em 25% e a melhorarem os outcomes reportados pelos pacientes.
Começa-se por isso a dar os primeiros passos, num longo caminho, na forma como olhamos e entendemos a saúde e mudamos este paradigma.

A emergência de um novo modelo de abordagem ao paciente e à pessoa, colocando-a no centro, e a aceitação e inclusão da inovação tecnológica, na forma como, enquanto profissionais, entregamos os nossos cuidados e conhecimento, aos nossos pacientes, serão tendências para o futuro da saúde, que farão parte da proposta de diferenciação, dos prestadores que as implementarem, já hoje.

Autor: Pedro Sousa
Co-fundador Blue Physio Consulting

Leia mais em:
i) https://www.isc.hbs.edu/health-care/value-based-health-care/Pages/default.aspx 
ii) https://ec.europa.eu/health/expert_panel/sites/expertpanel/files/docsdir/024_defining-value-vbhc_en.pdf
iii) https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3116776/ 

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