Literacia em Saúde

Promoção de Literacia e Modelos de Saúde na Comunidade

Falarmos de Saúde na actualidade pressupõe, antes de tudo, considerarmos a forma como compreendemos o conceito de Saúde. Se mergulharmos na Saúde enquanto elemento fundamental integrante da vida de qualquer ser humano, deixamos cair o “serviço” e passamos a abraçar a ideia de vida mais ou menos saudável, onde cada pessoa é agente activo desse estado.

Entendemos assim, que a mudança de paradigma a que temos vindo a assistir nos últimos anos irá continuar a crescer, onde grandes entidades de saúde pública e privada serão conduzidas no caminho da centralização do processo de saúde na pessoa que têm diante si e que ainda assim, se poderão atingir metas financeiras igualmente relevantes do ponto de vista empresarial, podendo representar um ganho gigante do ponto de vista do custo-utilidade e custo-efectividade, para o cliente, para a Pessoa.

Desta forma, a presença na comunidade surge como uma acção preponderante nos dias de hoje, onde muito mais do que “oferecer serviços”, como habitualmente se observa (i.e. apoio gratuito a provas desportivas do município) e que muitas vezes não acrescenta valor em literacia ou mudança de paradigma junto do público, é importante que o foco esteja na meta a atingir no que toca à educação da comunidade no que se refere à forma de pensar em Saúde, contribuindo para informação válida, mudança de expectativas e compreensão da pessoa enquanto Agente Activo da sua própria saúde e qualidade de vida.

É pois fundamental auscultar e compreender a comunidade, nomeadamente no que toca ao seu padrão e ritmo de vida, desde hábitos de exercício e actividade física, frequência de meio social, capacidade de auto-gestão e auto-eficácia, mas também no que se refere ao grau de literacia existente, especialmente em Saúde. Para isto, será boa prática potencializar e manter canais de comunicação com entidades locais estratégicas através das quais seja possível aceder aos cidadãos de forma eficiente.

A criação de parcerias passa pela compreensão do papel dessas entidades parceiras na comunidade, da sua missão e visão, devendo sempre que possível conectar-se com a missão do nosso projecto ou pelo menos, com margem para que sejam implementadas mudanças de paradigma e de comportamentos. Por outras palavras, as nossas acções serão muitas vezes vistas como acções dessas entidades parceiras, aproveitando o maior impacto e presença na comunidade que estas podem criar. Ainda, sempre que possível, estas entidades parceiras deverão ter uma conotação político-social, integrando elementos-chave enquanto decisores políticos em Saúde.

Ao delinearmos em co-criação com a comunidade (de acordo com as suas necessidades) e com decisores políticos, um conjunto de acções, é fundamental manter em mente o propósito transformador do ponto de vista da literacia, mas também da experiência das pessoas. Poderemos criar impacto com palestras e conversas (i.e. saúde centrada na pessoa versus na modelos estruturalistas; factores de risco e estratégias para a auto-gestão), contudo, é fundamental criar abertura para a mudança e transformação através de acções que promovam a experiência física, o sentir (movimento, postura, respiração, suor). Experiências que conectem com algo mais profundo do que a compreensão de conceitos.

Por fim, mas não menos importante, estas acções deverão ser medidas no que respeita ao impacto gerado e ao potencial transformador accionado, podendo ser usadas medidas PREM (patient reported experience measures) no imediato, mas muito importante, a médio e longo prazo criando valor enquanto dados mensuráveis no que toca à transformação e mudança comportamental.

Para isso, é importante manter canais de contacto com a comunidade em jeito de follow-up. É na comunidade que a mudança começa, envolvendo agendes políticos e com um foco no propósito – alicerçarmos uma Saúde mais sustentável, acessível a todos em co-criação e co-responsabilização com cada Pessoa.

Autor: Tiago Freitas
Co-fundador Blue Physio Consultoria

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