Finanças em Saúde – Cálculo de uma análise previsional

A gestão financeira é um dos principais ingredientes de sucesso de qualquer negócio e por isso mesmo deves dominar os principais indicadores-chave KPIs – Key Performance Indicators –  financeiros

  • Faturação/Vendas 
  • Custos Fixos e Variáveis 
  • Investimento 
  • Definição de Preço 

Estes devem ser analisados no momento da criação do teu negócio mas também monitorizados a longo prazo. 

Estes ingredientes são essenciais para concluíres a tua análise e orçamento previsional de rentabilidade. 

 Este é um exercício fulcral para qualquer projeto de empreendedorismo, seja para o seu lançamento e arranque, seja para o seu crescimento e tomada de decisões informadas sobre importantes aspetos, como o preço dos serviços e investimentos a fazer.  

Se, no teu negócio em saúde, ainda não criaste a tua análise e orçamento previsional, então hoje vamos ajudar-te a dares o primeiro passo nesse sentido, como deves começar? Garantindo uma análise detalhada dos 4 pontos acima e acompanhando-nos neste exercício. 

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A tabela infra descreve os potenciais custos para a abertura de um espaço em fisioterapia. Estamos a considerar um gabinete com 120 m2, com 3 gabinetes, uma receção e uma pequena sala de exercício. 

De notar, que neste exercício, tomamos a liberdade de ajustar alguns custos, que tipicamente são pagos anualmente, a custos mensais, como p.e. a ERS, em que dividimos o custo anual de 500 euros / 12 meses. Fizemos o mesmo para a SHT (Segurança e Higiene no Trabalho) e para os Seguros.  

Agora que temos listado os nossos custos fixos e variáveis (neste exercício não consideramos custos variáveis), vamos agora definir a nossa política de preços. 

Arbitramos 3 preços, para diferentes tipos de serviços ou consultas (primeira consulta, consulta recorrente, consulta com desconto, etc) e assumimos uma distribuição percentual destas tipologias de consultas pelo nosso segmento de clientes – com isso, chegamos ao nosso preço médio de consulta, que iremos utilizar para a nossa análise previsional.  

Muito bem, agora que temos estes números, podemos calcular o nosso break-even point – o chamado ponto de equilíbrio, que representa o momento em que a nossa faturação iguala os nossos custos, ou seja, o ponto em que temos consultas suficientes para pagarmos “as nossas contas”.  

Para apurarmos este número, vamos dividir o total dos nossos custos pelo nosso preço e com isso obter o número de consultas que precisamos, para mensalmente, pagarmos os nossos custos fixos mensais. 

Assim,  

BEP (break-even point) = Total de Custos Fixos / Preço Médio das Consultas <=> BEP = 3 774,58 / 45 <=> BEP = 83,87.  

Isto significa que precisamos de sensivelmente 84 consultas a um preço médio de 45€, para pagarmos os custos fixos mensais. A partir deste ponto, cada consulta extra, representará a nossa margem de lucro (neste exercício iremos referir-nos à margem de lucro antes de impostos).  

Ou seja, se eu conseguir 85 consultas, a minha margem de lucro, naquele mês é de sensivelmente 50€ (isto porque no ponto de break-even já obtínhamos um lucro de sensivelmente 5 euros). De igual modo, se tiver 83 consultas, terei um prejuízo de 40€ 

Para transpormos este número de consultas mensal, para uma agenda semanal/diária de consultas, basta dividirmos o número total de consultas por uma semana de 5 dias de trabalho e depois por um mês de 4 semanas. Isto significa que para atingir o meu BEP, preciso de 21 consultas por semana, o que equivale a sensivelmente 4 consultas por dia.  

Por outro lado, se tiver um mês com uma agenda diária de 8 consultas, terei 40 consultas por semana e 160 consultas por mês. Neste cenário a minha margem de lucro antea de impostos naquele mês será de aproximadamente 3425€.  

De recordar, que temos ainda um investimento para pagar. 

Este investimento será pago com a margem de lucro libertada pela atividade do nosso negócio em saúde. Vamos então assumir que temos uma média mensal de 100 consultas (5 consultas diárias). Com esta média de consultas e consequente margem de lucro de 725 euros/mês, necessitamos de sensivelmente 37 meses para pagar o nosso investimento.  

Estes números podem parecer um pouco assustadores para quem está a pensar começar um negócio do zero, no entanto, lembra-te que estamos a assumir nos nossos custos fixos, um custo com recursos humanos (dois salários). Por isso, da mesma forma, que certamente não iremos começar a nossa atividade com o número de consultas diário que usamos neste exercício (lá chegaremos), também não iremos, muito provavelmente, começar com esta estrutura de custos.  

Com este exercício, basta alterares os números que utilizamos e podes ajudar o mesmo à tua realidade. Poderás também usar este template para cálculo do break-even, no qual tens acesso à tabela de custos e preços, na folha “Inputs” e ao cálculo do Break-Even e da Margem de Lucro na folha “BEP”, nomeadamente na coluna “F”.  

Esperamos que este exercício seja útil para ti. E se precisares de ajuda, não hesites em contactar-nos! Ou então podes sempre reunir todas as tuas dúvidas e juntar-te ao Pedro Sousa e ao Gabriel Costa no  👉  Curso de Gestão Financeira para Negócios de Saúde. 

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