Sou um clínico ou um gestor?

Enquanto profissionais de saúde, temos marcadamente o nosso foco definido para aquilo que nos apaixona, cuidar de pessoas, melhorar a vida e bem-estar de quem nos procura. É essa a nossa missão e propósito, é o que nos fez lançar ou querer lançar um negócio em saúde.

No entanto, rapidamente percebemos que o “chapéu” de clínico não é o único que iremos utilizar, se queremos gerir um negócio em saúde. E aí entram os temas que não gostamos ou que não nos são tão familiares, desde as contabilidades, finanças, gestão de processos administrativos e até arrumação ou limpeza do espaço.

Rapidamente nos passamos a sentir “pau para toda a obra” ou o “faz tudo” do negócio. Rapidamente perdemos o foco do que é mais impactante e relevante para o nosso negócio. Rapidamente esquecemos que existem tarefas que podemos e devemos delegar, sejam em colaboradores internos ou pessoas que possamos contratar para serviços externos.

E sim, isso implica custos financeiros, que devem ser feitos num olhar de investimento para o nosso crescimento. De outra forma, nunca deixaremos de trabalhar 10 horas por dia, o que por muito interessante que possa parecer do ponto de vista lucrativo, não é de todo o que certamente pretendemos para a nossa vida.

Um negócio, ou uma empresa, não pode ser uma “eu”presa. E por isso, desde o início, importa que se inicie a construção de descrição daa bases para que aquilo que são atividades chave da empresa, desde processos administrativos, processos clínicos, operacionais ou de marketing, constituindo o manual de procedimentos da nossa organização, a descrição “da melhor forma de se fazerem as coisas”, para que possam servir como guia para todas as pessoas da nossa organização.

Sem este trabalho – que não vos vou enganar, dá muito trabalho, dificilmente iremos crescer com a escalabilidade que pretendemos. E dificilmente nos iremos libertar de todas as tarefas de menor valor acrescentado que nos consomem, e impedem que nos possamos dedicar ao que mais gostamos, seja a nível profissional, seja a nível pessoal.

É este investimento nos “alicerces” do nosso negócio que nos vai permitir conseguirmos a liberdade para, se assim o desejarmos, nos afastarmos do mesmo e o mesmo continuar a funcionar da forma mais eficiente possível, tal como se lá estivéssemos.

E com isso, a nossa mensagem e missão, passa a ser maior do que nós. E idealmente, a ser entregue por pessoas melhores do que nós. E sim, esse é o objetivo de uma organização e de um bom líder em saúde, ter o desapego para contratar pessoas melhores do que o próprio, ter o desapego de partilhar conhecimento que fará crescer as suas pessoas e a sua organização, ter o desapego de delegar tarefas que lhe dão prazer e que gosta de fazer. Porque pior do que investirmos nas nossas pessoas e elas saírem, é não investirmos e elas ficarem.

Se receias que, investir na formação dos teus, seja um investimento que possa vir a ser aproveitado por outros, lembra-te da frase do Sir Richard Branson:Forma tão bem as tuas pessoas para que elas possam sair. Trata-as tão bem para que elas não queiram”.

Espero que, estas mensagens e dicas, te possam fazer refletir um pouco sobre a tua organização ou projeto em saúde, e que com isso, dês o primeiro passo para o seu crescimento sustentável.

Autor: Pedro Sousa
Co-fundador Blue Physio Consultoria

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